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..::..  Museu de Arte Sacra do Estado de Alagoas  ..::..

Dom Ranulpho da Silva Farias 

Convento de São Francisco 

Histórico


O conjunto arquitetônico Santa Maria Madalena retrata um dos mais belos exemplares da arquitetura barroca em Alagoas, merecendo destaque entre os demais monumentos históricos do Estado pela riqueza de detalhes que compõem a obra e por ter sido cenário para as mais diversas ocupações ao longo dos três últimos séculos.

 O marco inicial de sua construção remonta a 1635, quando na antiga Vila de Alagoas do Sul foi construído o recolhimento de palha e ramagem para abrigar Frei Cosme de São Damião e seu secretário, que integravam a leva de fugitivos oriundos de Pernambuco no período da dominação holandesa.



Em 1657, a câmara e o povo de Santa Maria Madalena da Lagoa Sul  dirigiram uma petição a Frei Panta Leão Batista, prelado maior da custódia de Santo Antônio, da capitania da Bahia, solicitando a construção de um mosteiro em alvenaria no lugar de onde esteve o primeiro recolhimento.


A 4 de dezembro de 1660, Frei Pedro de São Paulo dá início à construção do convento franciscano. Em 1684 foi lançada a primeira pedra para a construção do atual edifícioIgreja e Convento. As obras sofreram uma longa paralisação de trinta anos, tendo sido o prédio concluído em 1723, embora, muito antes os religiosos residentes utilizassem algumas dependências para ministrar aulas de Gramática para a população local. Em 1793 veio a ser terminada a fachada da Igreja, dando conclusão à obra - mais de três séculos e meio desde a sua iniciação.


No início do século XX, na decorrência de um processo de esvaziamento gradual sócio-econômico e religioso da cidade, o edifício que abrigou o Convento passou a ser utilizado como acampamento para soldados do 20º Batalhão de Caçadores de Maceió, entre os anos de 1821 a 1839; abrigo para desabrigados das secas do sertão; e ainda outros usos que acarretaram danos de diversas ordens ao edifício.

Prestou-se ainda para abrigar o Seminário Diocesano de Alagoas durante dois anos, e em 1915, a instalar o Orfanato de São José, o qual foi transferido para uma edificação anexa, construída no próprio terreno do Convento.


Em 1984, a estrutura física do conjunto arquitetônico sofreu mais algumas alterações para instalar o Museu de Arte Sacra do Estado de Alagoas, que perdura até hoje, mantendo um acervo com mais de 200 peças, entre esculturas em madeira dourada e policromada,  pinturas sobre tela, mobiliários, jóias e objetos litúrgicos em ouro e prata, alfaias em geral. Tudo produção dos séculos XVII, XVIII e XIX.


Principais peças:


Santa Maria Madalena

Técnica: escultura em madeira, dourada e policromada
Autoria: não identificada
Época: século XVIII
Origem: não identificada
Dimensões: 0.96 m x 1.00 m x 0.60 m

Nossa Senhora Divina Pastora

Técnica: escultura em madeira, dourada e policromada
Autoria: não identificada
Época: possivelmente século XVIII
Procedência: Igreja do Senhor do Bonfim de Taperaguá
Dimensões: 0.87 m x 0.65 m x 0.39 m

São Roque

Técnica: escultura em madeira, dourada e policromada
Autoria: não identificada
Época: possivelmente século XIX
Procedência: Nossa Senhora do Amparo
Dimensões: 1.80 m x 0.90 m x 0.50 m

São Francisco

Técnica: escultura em terra cota, dourada e policromada
Autoria: não identificada
Época: século XVII
Procedência: Museu Dom Ranulpho (Maceió)
Origem: não identificada
Dimensões: 1.91 m x 0.75 m x 0.45 m

Nossa Senhora do Rosário

Técnica: escultura em madeira policromada
Autoria: não identificada
Época: possivelmente século XVIII
Procedência: Igreja Nossa Senhora do Rosário
Dimensões: 1.33 m x 0,51 m x 0.40 m

Acervo


O conjunto arquitetônico logo se destaca por conservar o espírito barroco da arquitetura religiosa luzitana. Aberto ao público em 5 de agosto de 1984, o Museu de Arte Sacra de Alagoas reúne todo o acervo sacro da primeira cidade alagoana, num ambiente que transpira ares medievais e mantém, séculos após sua criação, a elegância e harmonia do estilo rococó.

Seu acervo possui peças em ouro, prata, madeira policromada e barro dos séculos XVII, XVIII e XIX. Peças como o Cristo Crucificado e o Cristo Morto, do século XVIII, chamam a atenção dos visitantes para a coleção de esculturas cristãs, verdadeiras preciosidades. Entre elas, destacam-se as imagens dos santos-de-roca  (bonecos que têm o rosto esculpido e cujo corpo é uma estrutura de madeira coberta por roupas) da qual Nossa Senhora do Rosário ganhou uma representação.

Partindo de um saguão que destaca o mobiliário de época usada em sacristias e palácios episcopais, o visitante pode contemplar, ao longo de cinco salas sucessivas, raríssimas imagens que representam as venerações mais presentes da vida cristã alagoana - São Benedito, Divina Pastora, Nossa Senhora do Rosário, Santo Antônio e muitas outras. Juntas aos objetos de ourivesaria litúrgica e cristã, em ouro e prata, compõem um conjunto de singular beleza e preciosidade.

No grupo de imagens alusivas aos Passos da Paixão, destaca-se o Senhor Morto (século XVIII) pela excelência do trabalho escultórico e a mobilidade dos braços, como também por ser o único santo do pau-oco existente no acervo. Além das citadas, podemos destacar uma  outra raridade do século XVII: Nossa Senhora do Ó, sendo esta a peça mais antiga do museu. Merecem destaque ainda a imagem de Nossa Senhora da Conceição e São Francisco – as duas únicas esculturas de terra cota policromada.


Igreja de Santa Maria Madalena

Na Semana Santa do ano de 1662, nela foi cantada a primeira missa, e a 4 de outubro, a Igreja de Santa Maria Madalena recebeu o sacrário. No início do ano de 1689 foi concluída a construção da capela-mor. E em 2 de julho de 1692 se abriram os alicerces para mais corpo da igreja. Sua construção durou mais de um século e sua conclusão foi em 1793.

Em estilo rococó, a Igreja de Santa Maria Madalena diverge, quanto à disposição da torre, do restante das casas franciscanas do Nordeste. O retábulo (ornamento localizado na parte posterior de um altar) da capela-mor exibe talhas contemporâneas à Capela Dourada de Recife - com a mesma expressão e em escala maior – colocando-o entre os melhores retábulos do país. Outro destaque é a escada que liga a sacristia ao pavimento superior do convento, elaborada em belíssimos motivos fitomórficos.

Descrevendo este belo exemplar de grande valor cultural, encontramos na sua fachada os seguintes destaques: os ornatos fitomórficos em pedra calcária comum na região. Padieiras emolduradas nas janelas de coro. Sobre a janela central, um óculo para favorecer a ventilação e mais um, em formato oval, na base de sua torre.

O altar é composto por ramagens, folhas de palmeiras, flores e frutas, assim como motivos míticos e antropomórficos. No centro está o Trono Eucarístico, logo abaixo o querubim Atlantes (masculino) e Cariátede (feminino); o brasão da Ordem Franciscana e a coroa imperial. O altar-mor é separado da nave por um arco cruzeiro. Nela existem três altares laterais feitos no século XIX.

Do lado direito de quem entra na nave, que é única e espaçosa, podemos ver outro altar – para alguns historiadores com beleza artística inferior aos demais – que abriga uma das peças mais importantes da arte sacra brasileira: o Cristo Crucificado – uma bela escultura em madeira, rica em detalhes anatômicos. Este belo exemplar da escola Jansenista é raríssimo no Brasil, onde só há dois: o que está localizado no Museu de Artes Sacras de Alagoas e um outro em terras baianas.
A capela-mor possui teto em caixotões e a capela profunda com retábulo, cujo trabalho não existe igual em todo o Nordeste. Sob seu coro, um painel ilusionista: Santa Clara de Assis, pintura de autoria de José Eloy, artista pernambucano, datada de 1817.

Na parte central da nave, encontra-se um medalhão apresentando a cena da “Indulgência da Porciúncula”, uma grande escultura de autoria desconhecida, que passou a ser conhecida como o “Perdão de Assis”.

Ainda na parte lateral da nave, à direita do altar, encontramos um Cristo Crucificado em estilo barroco, diferente do Cristo imolado na cruz. Este com uma nova conotação: os seus braços estão em sentido vertical, cabeça erguida como uma atitude em desafio à morte.

A imponente fachada é composta em três arcos centrais, com grades em madeira e uma outra ao lado que dá acesso à portaria do convento. Entre a galilé (alpendre anexo ao corpo principal da igreja) e a porta única de entrada para a nave, existe um espaço destinado que, na época em que foi construída, destinavam-se ao pernoite dos peregrinos ou aos escravos para assistirem os atos litúrgicos.

Segundo historiadores, o fato da Igreja de Santa Madalena ter sido construída em vários períodos diferentes da história, resultou numa obra que reúne vários estilos arquitetônicos diferentes, tornando-a um grande monumento do patrimônio histórico brasileiro.



Museu de Arte Sacra de Alagoas
Convento de Santa Maria Madalena da Ordem de São Francisco
CEP: 57160-000 - Marechal Deodoro/AL
Cel.: (82) 9998-3520

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