Penedo
DADOS GEOGRAFICOS Acesso: AL 101 Sul, BR 110 e BR 101 Sul Distância da capital: Localização: Litoral Sul Clima: Tropical Temperatura máx./min.: 32°C/22°C Altitude: População: 59.020 habitantes Área: 691 km2 Economia: agroindústria de cana-de-açucar, pesca e turismo |
O município de Penedo situa-se ao sul do estado de Alagoas na margem esquerda do Rio São Francisco, limitando-o com o Estado de Sergipe, e a oeste do município de Piaçabuçú, região do Baixo São Francisco. Sua capital que possui o mesmo nome está localizada a aproximadamente 175 Km de Maceió, ressaltamos o seu rico patrimônio histórico e cultural, com Igrejas, conventos e palácios dos séculos XVII e XVIII, é considerada uma das cidades mais bonitas e históricas do Brasil. Seu Centro Histórico foi declarado Patrimônio Histórico Nacional, lugar onde merece destaque a Catedral de Nossa Senhora do Rosário. No ano 2005 a cidade de Penedo foi considerada pelo Movimento Brasil de Turismo e Cultura, MBTC, como um dos sete melhores destinos turísticos do país.
FOTOS: OSVALDO CAVALCANTE
HISTÓRIA
Toda a zona do município de Penedo no começo foi habitada pelos índios Caetés, que dedicavam-se a agricultura e a pesca graças a sua excelente situação às margens do Rio São Francisco, até que foi colonizada pelos portugueses.
As origens do município de Penedo remontam-se ao século XVI, no ano de
Anos mais tarde, em 1636, foi elevada à categoria de Vila e era conhecida como Vila de São Francisco, posteriormente denominada Penedo do Rio São Francisco, nome que provém de uma grande rocha. No ano de 1842 foi elevada a categoria de cidade e começou a ser conhecida com sua atual denominação, Penedo.
Suas principais fontes de rende ao longo de toda a sua história foram a agricultura, especialmente o cultivo da cana-de-açúcar, e a pesca, graças a estar banhada por um dos rios mais importantes de todo o país, o Rio São Francisco.
Atualmente Penedo é uma das cidades mais visitadas do Brasil, onde os turistas encontram no seu rico patrimônio histórico o principal ponto para sua visita. Destacamos especialmente os monumentos localizados no seu Centro Histórico, declarado Patrimônio Histórico Nacional, destacando a Catedral de Nossa Senhora do Rosário, a Igreja Nossa Senhora das Correntes e o conjunto formado pela Igreja Nossa Senhora dos Anjos e pelo Convento São Francisco.
PASSEIO TURÍSTICO
Catedral de Nossa Senhora do Rosário - Penedo - A Catedral de Nossa Senhora do Rosário, conhecida também como Igreja Matriz de Penedo, está situada na Praça Br. de Penedo, Centro Histórico. É uma das principais Igrejas que existem no centro da cidade e ressalta por suas grandes dimensões. Sua construção foi iniciada no ano de 1690 e finalizada a princípios do século XIX. Ao longo de sua história sofreu diferentes restaurações, no ano 1815 demoliram sua fachada principal e edificaram outra em seu lugar. Destaca sua fachada de cor branca, dos lados tem duas altas torres campanário, que se encontram separadas por um bonito frontispício decorado com vitrais franceses. Em seu interior destacamos os arcos de estilo romano e as tumbas greco-romanas.
Igreja Nossa Senhora das Correntes - Penedo - A Igreja Nossa Senhora das Correntes está localizada na Praça 12 de Abril e é considerada uma das Igrejas mais belas de todo o País. Foi construída no século XVIII e no começo foi uma Igreja privada da família Lemos, mais tarde durante o movimento abolicionista foi utilizada como lugar de refúgio pelos escravos. Destaca-se por seu belo frontispício em estilo barroco, em cujos lados se sobressaem suas duas torres campanários de planta quadrada separadas por um belo frontão rematado por uma cruz. No seu interior destacamos seu altar-mor revestido e decorado com peças banhadas a ouro, lugar onde ainda encontra-se a passagem secreta utilizada pelos escravos para poder escapar.
Paço Imperial - Penedo - O Palácio Imperial de Penedo encontra-se localizado na Praça Rui Barbosa, ao lado da Igreja Nossa Senhora dos Anjos e do Convento São Francisco. Foi o lugar onde alojou-se o imperador D. Pedro II na sua visita à cidade no ano de 1859. Atualmente alberga no seu interior um interessante museu.
Igreja Nossa Senhora dos Anjos y Convento São Francisco - Penedo - O conjunto arquitetônico que formam a Igreja Nossa Senhora dos Anjos e o Convento São Francisco foi construído a partir do ano 1660 sobre as ruínas do antigo Forte Nassau e encontra-se na Praça Rui Barbosa. É um edifício com grande valor arquitetônico construído pelos padres franciscanos entre os séculos XVII e XVIII. Sua Igreja em estilo barroco destaca-se pelas pinturas realizadas em ouro que decoram seus altares e pela coroa portuguesa situada em cima da nave principal. O Convento é um dos mais antigos do Brasil e no seu interior encontramos uma bela escultura, o 'Senhor Glorioso'.


Igreja de São Gonçalo Garcia dos Homens Pardos - Penedo - A Igreja de São Gonçalo Garcia dos Homens Pardos foi construída sobre os restos de uma antiga capela dedicada ao mesmo santo em meados do século XVIII, entre o ano de 1758 e 1770, como assim testifica a descrição do seu pórtico de entrada. Destacam suas duas torres campanário em estilo neogótico erguida no final do século XIX, que substituíram as originais, de planta quadrada e rematada em forma piramidal.
Teatro Sete de Setembro - Penedo - O Teatro Sete de Setembro, inaugurado no ano de 1884, foi o primeiro teatro a ser construído no Estado de Alagoas. É sede da Imperial Sociedade Filarmônica Sete de Setembro, título concedido pelo imperador Dom Pedro II.
Museu Finlandês da Dona Eva - Penedo - O Museu Finlandês de Dona Eva encontra-se em um edifício situado à Avenida das Mangueiras. Alberga no seu interior uma importante coleção com mais de mil objetos trazidos de Finlândia no começo do século XX, destacando os belos tapetes, bordados, gravuras, livros e mapas, entre outras coisas. Foi inaugurado no ano de 1982.
Casa de Penedo - Penedo - A Casa de Penedo é um museu dedicado a história da cidade e da vida do Barão de Penedo, conhecido diplomático no Império e na República. Seu interior é sede da Fundação que leva seu nome, fundada no ano de 1992, cujos objetos são o estudo e conservação da memória da cidade.
Baile Finlandês - Penedo - O Baile Finlandês é um dos atrativos culturais com os que conta a cidade de Penedo. Acontece todos os sábados do ano no Club Finlândia, situado à Avenida das Mangueiras. São típicos os bailes e danças ao som de diferentes estilos musicais de variadas procedências, as típicas danças finlandesas, jenkka e letkis, tangos, polcas, samba, rock, entre outras modalidades.
Pequena Finlândia - Penedo - A Pequena Finlândia é um parque temático cultural inaugurado no ano de 1993 na cidade de Penedo. Foi fundada para a conservação e proteção dos bens trazidos desde Finlândia ao município na sua colonização. No seu interior podemos encontrar as reproduções das construções típicas deste país, que são utilizados como locais comerciais onde se pode adquirir seus produtos. Um dos seus edifícios mais visitados é a Casa de Papai Noel de Penedo.
Casa do Papai Noel de Penedo - Penedo - A Casa de Papai Noel de Penedo é um dos edifícios mais visitados da pequena Finlândia e está localizado na Rua das Velas. No seu interior guardam-se interessantes peças artesanais. Em frente à casa tem um anfiteatro onde são realizados diferentes atos culturais durante o ano.
Parque Turístico Ecológico de Penedo O Parque Turístico Ecológico de Penedo, PAMTEP, tem uma área de 3.014 hectares localizadas junto ao Parque Nacional de Itatiaia, primeiro parque nacional do Brasil, com o que comparte sua extraordinária variedade de fauna e flora. É um dos lugares mais visitados pelos turistas que chegam à cidade de Penedo, onde se pode realizar rotas de grande beleza por toda sua extensão.
Rio São Francisco
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O rio São Francisco, também chamado de Opará, como era conhecido pelos indígenas antes da colonização, ou popularmente de Velho Chico, é um rio brasileiro que nasce na Serra da Canastra no estado de Minas Gerais, a aproximadamente 1200 metros de altitude, atravessa o estado da Bahia, fazendo a divisa ao norte com Pernambuco, bem como constituindo a divisa natural dos estados de Sergipe e Alagoas. Por fim, desagua no Oceano Atlântico, na região nordeste do Brasil.
Com2.830 km de extensão, e drenando uma área de aproximadamente 641.000 km², o rio São Francisco nasce no estado de Minas Gerais, na Serra da Canastra, desemboca no Oceano Atlântico, entre Sergipe e Alagoas. Apresenta dois estirões navegáveis: o médio, com cerca de 1.371 km de extensão, entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA) / Petrolina (PE) e o baixo, com 208 km , entre Piranhas (AL) e a foz, no Oceano Atlântico.
O rio São Francisco atravessa regiões com condições naturais das mais diversas. As partes extremas superior e inferior da bacia apresentam bons índices pluviométricos, enquanto os seus cursos médio e sub-médio atravessam áreas de clima bastante seco. Assim, cerca de 75% do deflúvio do São Francisco é geradoem Minas Gerais , cuja área da bacia ali inserida é de apenas 37% da área total.
A área compreendida entre a fronteira Minas Gerais-Bahia e a cidade de Juazeiro(BA), representa 45% do vale e contribui com apenas 20% do deflúvio anual.
Os aluviões recentes, os arenitos e calcários, que dominam boa parte da bacia de drenagem, funcionam como verdadeiras esponjas para reterem e liberarem as águas nos meses de estiagem, a tal ponto que, em Pirapora (MG), Januária (MG) e até mesmo em Carinhanha (BA), o mínimo se dá em setembro, dois meses após o mínimo pluvial de julho.
À medida em que o São Francisco penetra na zona sertaneja semi-árida, apesar da intensa evaporação, da baixa pluviosidade e dos afluentes temporários da margem direita, tem seu volume d'água diminuído, mas mantém-se perene, graças ao mecanismo de retroalimentação proveniente do seu alto curso e dos afluentes no centro de Minas Gerais e oeste da Bahia. Nesse trecho o período das cheias ocorre de outubro a abril, com altura máxima em março, no fim da estação chuvosa. As vazantes são observadas de maio a setembro, condicionadas à estação seca.
Geografia
2 830 km e uma declividade média de 8,8 cm/km. A média das vazões na foz é de 2 943 m³/s, e a velocidade média de sua corrente é de 0,8 m/s (entre Pirapora, Minas Gerais e Juazeiro, Bahia).
O rio São Francisco banha cinco estados, recebendo água de 90 afluentes pela margem direita e 78 afluentes pela margem esquerda, num total de 168 afluentes, sendo 99 deles perenes. É um rio de grande importância econômica, social e cultural para os estados que atravessa. Folcloricamente, é citado em várias canções e há muitas lendas em torno das carrancas (entidades do mal) que até hoje persistem. Os trechos navegáveis estão no seu médio e baixo cursos. O maior deles, entre Pirapora e Juazeiro - Petrolina, com1 371 km de extensão, pode ser analisado em três subpartes, devido a algumas características distintas de seus percursos. O primeiro subtrecho, que se estende de Pirapora até a extremidade superior do reservatório de Sobradinho, próximo à cidade de Xique-Xique, tem 1.074 km de extensão. No médio São Francisco, a navegação é exercida pela FRANAVE, com frota de comboios adequada às atuais condições da via.
As principais mercadorias transportadas são cimento, sal, açúcar, arroz, soja, manufaturas, madeira e principalmente gipsita. No baixo e médio São Francisco, promove-se o transporte de turistas em embarcações equipadas com caldeiras a lenha. Atualmente o rio São Francisco está sendo transposto. O que está dividindo opiniões entre brasileiros que vivem nos estados banhados.
Principais afluentes
História
Expedições, entradas, bandeiras
Em 1522, o primeiro donatário da capitania de Pernambuco, Duarte Coelho Pereira, fundou a cidade de Penedo, no atual estado de Alagoas. Foi o primeiro núcleo povoador das margens, fundada a quase 40 quilômetros da costa. A localização estratégica do povoado, à porta do sertão, mereceu também atenção dos holandeses, tanto que, mais tarde, em 1637, conseguiram nele erigir um forte.
Os franceses já freqüentavam a costa, e com certeza por volta de 1526 na foz do rio São Francisco, tanto que uma pequena baía, próxima à foz, recebeu o nome de Porto dos Franceses. Nas proximidades, ocorreu o famoso naufrágio de uma nau que levava D. Pero Fernandes Sardinha, primeiro bispo do Brasil. Escapando do naufrágio, em 1556, foi preso e devorado pelos índios Caetés que aí viviam. As tribos indígenas que ali viviam eram chamadas, pelos Tupis, de Tapuias pois era assim que chamavam qualquer tribo que não tivesse a mesma língua. Havia basicamente na costa do Brasil dois grupos distintos: os Tupis e os Gês.
A colonização do vale do médio rio se efetuou em duas épocas distintas, a segunda delas quase um século depois da outra. Os primeiros estabelecimentos no médio São Francisco iniciaram-se no extremo a jusante. Exploradores de Olinda, fundada em 1534, e de Salvador, em 1549, se aventuraram pelo vale do rio entre dificuldades imensas, dadas a agressividade da natureza e a presença de selvagens. Um dos primeiros núcleos de colonização foi estabelecidoem Bom Jesus da Lapa. Uma expedição vinda de Olinda, entre 1534 e 1550, chegou à região, atingindo Lapa. Anos depois outra expedição, de Salvador, aí esteve. Na metade do século, um grupo de 200 homens fundou ali um estabelecimento e numerosas fazendas de gado. No final do século XVII a história registra a existência de uma fazenda de gado, próxima à atual cidade da Barra, o principal posto de abastecimento do médio São Francisco.
Com a autorização da Coroa, em 1543 começou a criação de gado, atividade que marca a história do vale. A exploração se limitava ao litoral, principalmente por causa dos indígenas. Os Pankararu, Atikum, Kimbiwa, Truká, Kiriri, Tuxás e Pankararé, são remanescentes atuais dos povos antigos. Mas lendas sobre riquezas inacreditáveis atraíam aventureiros. A cobiça, pois se pensava encontrar ouro e pedras preciosas, acabou fazendo com que se aventurassem. Corriam, sobretudo em Porto Seguro, informações delirantes sobre tribos que se enfeitavam com ouro, pedras verdes, cristalinos diamantes. Por ordem do rei D. João III, o Governador-Geral Tomé de Sousa determinou a exploração do rio, em 1553, a Francisco Bruza de Espinosa, que formou a primeira entrada de penetração, levando um jesuíta basco, João de Azpilcueta Navarro. O roteiro dessa viagem e uma carta do padre são os primeiros documentos que descrevem o rio São Francisco. Não se acharam, porém, as sonhadas minas de ouro e prata como havia nas terras espanholas do Alto Peru.
Duarte Coelho Pereira, governador, organizou uma expedição cujos navios entraram pela foz, tendo lutado contra os franceses ali encontrados, que faziam escambo com os indígenas, e os expulsou. Nessa oportunidade, navegou poucas léguas rio acima. Em 1560, um filho de Duarte Coelho, Duarte Coelho de Albuquerque, o segundo donatário de Pernambuco, juntamente com Jorge, seu irmão, lutou cinco anos contra os caetés.
Em 1561, o rio foi visitado pela expedição de Vasco Rodrigues de Souza e, em 1575, na entrada denominada de "Mata-Negro". Marco de Azevedo viajou ao interior com um grupo, em 1577. Sabe-se, também, que em 1583 João Coelho de Souza penetrou o sertão e chegou ao rio.
Em 1587, o governador Luís de Brito determinou a exploração do rio São Francisco e entregou a responsabilidade a Sebastião Álvares, numa iniciativa fracassada. Gaspar Dias de Ataíde e Francisco Caldas viram uma sua expedição dizimada em 1588. Em 1590, Cristóvão de Barros entrou pela região que hoje é o estado de Sergipe, até o baixo São Francisco, estabelecendo um caminho que serviria aos colonizadores e como defesa contra os franceses.
Em 1595, um descendente de Caramuru, Melchior Dias Moreira, de acordo com carta escrita ao Conde de Sabugosa, teria penetrado e ultrapassado o rio São Francisco. Guiados pela cobiça, os colonizadores foram dizimando os índios, que fugiam para o planalto central. Assim, ergueram-se os primeiros e pequenos arraiais, iniciando o domínio da região, onde o ouro e as pedras preciosas.
A alcunha «rio da integração nacional» se deve às entradas e bandeiras que nos séculos XVII e XVIII usaram-no como rota para penetrar no interior. Seu outro nome, «rio dos Currais» se deve por ter servido de trilha para fazer descer o gado do Nordeste até a região das Minas Gerais, sobretudo, no início do século XVIII, quando se achava ali o ouro que fez afluir milhões de pessoas à terra e fazendo, assim, a fortuna de muita gente e, afinal, integrando a região Nordeste às regiões Leste, Centro-Oeste e Sudeste.
Em 1675, jazidas de ouro são encontradas em afluentes do São Francisco pela bandeira de Lourenço de Castanho que massacrou os cataguazes da região. Entre as dezenas de expedições dos bandeirantes que palmilharam o São Francisco contam-se Matias Cardoso, Domingos Jorge Velho, Domingos Sertão, Borba Gato e Domingos Mafrense - este último subiu alguns afluentes, chegando às nascentes do rio Parnaíba. Em sua homenagem, há uma cidade chamada Vila Mafrense, no município de Paulistana, Piauí.
Nesta época, os reinóis enfrentavam ainda a resistência de escravos fugitivos. Os quilombos formavam uma verdadeira república negra que desafiou por muito tempo o domínio da Coroa. Em 20 de dezembro de 1695, uma tropa mercenária, contratada por Portugal e os usineiros de açúcar da capitania de Pernambuco, destruiu o último foco da resistência armada dos escravos, ligadas ao famoso Quilombo dos Palmares.
O Ciclo do ouro começou realmente com a bandeira de Fernão Dias Pais, nas últimas décadas do século XVII. O rio das Velhas e o rio São Francisco formavam o caminho natural para o litoral e para o Reino. São Francisco acima subiam as mercadorias necessárias às minerações e fazendas, os barcos que regressavam traziam ouro. Logo se formaram quadrilhas de assaltantes nas estradas e, principalmente, no rio. Para combatê-las, as autoridades designaram bandeirantes como Matias Cardoso de Almeida, seu filho Januário Cardoso e Domingos do Prado Oliveira. Como muitas quadrilhas se refugiavam nas aldeias indígenas, o fato serviu de pretexto a expedições genocidas, como a que Januário Cardoso e o português Manoel Pires Maciel Parente comandaram, destruindo a da maior aldeia indígena daquela região - Itapiraçaba, dos índios Caiapós. Também no século seguinte o bando de Domingos do Prado Oliveira destroçou a grande aldeia dos Guaiabas, na ilha fronteira a São Romão, pavoroso genocídio no início do século XVIII. Este bandeirante e sua gente tinham como base o povoado de Pedras de Cima, depois denominado Pedras dos Angicos.
Haveria mais de cem famílias paulistas chamado desde 1690 no chamado «distrito dos couros», que era o vale do São Francisco, com as zonas ribeirinhas dos afluentes, que teriam origem nos expedicionários bandeirantes chamados ao Norte contra os tapuias e os quilombos, que como Borba Gato se dedicam inicialmente ao gado - entre seus descendentes muitos dos contrabandistas que no século XVIII sangram os Quintos do rei, rio abaixo, de bubuia, pelos direitos que se arrogam como detentores das datas e por crescentes exações da Real Fazenda, como o quinto e as capitações. Os Pauistas estarão sempre entre os fautores dos movimentos armados do início da capitania de Minas - a guerra dos Emboabas, a rebelião de Pitangui, os famigerados motins do sertão com as românticas figuras de D. Maria da Cruz e do Padre Antônio Mendes Santiago...
O sistema de sesmarias
A ocupação só ocorreu por meio do sistema de sesmarias. O rio São Francisco ocupava parte das terras atribuídas à Casa da Torre de Garcia d'Ávila e à Casa da Ponte, de Antonio Guedes de Brito. Garcia d'Ávila se apoderou de suas terras em 1573: eram mais de 70 léguas entre o rio São Francisco e o rio Parnaíba no Piauí. Historiadores dizem que, residindo na Praia do Forte, próximo a Salvador, e possuindo uma Carta de Sesmaria, pois era fidalgo, o Garcia D'Ávila avançou em direção ao São Francisco, construindo em distâncias certas um curral e uma choupana, onde deixava 20 novilhas e um touro, e, para cuidar do rebanho, um casal de escravos. Tornou-se assim o primeiro latifundiário do São Francisco. Apossou-se das terras de forma irregular, pois o capítulo 26 do Regimento trazido por Roque da Costa Barreto determinava que, não se desse a pessoa alguma tanta quantidade de terra que a não pudesse cultivar ele próprio, tirando-as a quem assim não o cumprisse. Não era bem o modo como Garcia D'Ávila ocupou o sertão.
A Casa da Ponte, entretanto, recebeu como indenização por serviços prestados e gêneros fornecidos às guerras,960 quilômetros de margem de rio, que tinham início no Morro do Chapéu, no atual município de Jacaraci, estado da Bahia, estendendo-se até as nascentes do rio das Velhas, em Minas Gerais.
Em 1637, os holandeses invadiram o povoado de Penedo por causa de sua localização estratégica na foz do rio, onde construíram o forte Maurício, em homenagem a Maurício de Nassau. O domínio holandês permaneceu forte até 1645, quando os portugueses retomaram a região. Outro fator importante da ocupação foram as missões religiosas, iniciadas por frades capuchinhos bretões a partir de 1641. No período da ocupação holandesa, o próprio Maurício de Nassau esteve no São Francisco, tendo dominado a área alagoana, até Penedo.
No sertão do São Francisco a pessoa mais importante foi Manoel Nunes Viana, que se tornou dono da maior fortuna do São Francisco pois obteve procuração da filha do senhor da Casa da Ponte, Isabel Guedes de Brito, para administrar as terras de herança e cobrar o fôro sobre a sesmaria. E de pobretão Manoel Nunes se transformou em potentado em gado e terras, durante o ciclo do couro, no vale do São Francisco, ajudando ainda ao contrabando do ouro para o porto de Salvador e desafiando o conde de Assumar em Vila Rica...
Missões religiosas
Ajudaram a ocupação as missões, registradas na região a partir de 1641. Franciscanos capuchinhos bretões instalaram os primeiros aldeamentos. Em um relato do frade Martim de Nantes se percebe o comportamento atrabiliário da família de Garcia d'Ávila, em constantes desentendimentos com os franciscanos. Os frades reclamavam da constante interrupção das missões que geralmente instalavam nas ilhas, áreas mais férteis; ora, os vaqueiros da Casa da Torre, no período da seca, que ali dura seis meses por ano, empurravam os rebanhos para comer a lavoura dos índios, obrigando-os a buscar alimento na caça, dispersando-se na caatinga e interrompendo o trabalho de catequese.
Atritos entre missionários e os herdeiros de Garcia d'Ávila permeiam a correspondência entre os sacerdotes e seus superiores. Culminaram na reprovação da ação dos barbadinhos bretões, por parte das viúvas da Casa da Torre. E afinal, na proibição oficial de qualquer comunicação da região com a do sul. Descoberto o ouro nas terras que ficariam conhecidas como Minas, temia a corte o descaminho pelo porto de Salvador, fazendo assim escapar do controle do governo a parte de 20% (o quinto) que cobrava o rei de Portugal. Assim, a carta régia de 1701 proíbe "quaisquer comunicações daquela parte dos sertões baianos com as minas dos paulistas nos sertões mineiros", ameaçando de severas penas os infratores. O que na verdade não impediu o contrabando, mas o tornou mais difícil… O isolamento seria prejudicial pois a região estagnou por falta de contato com comunidades mais cultas. Diz Lacerda: "Atravessa a região o século XIX em melancólico torpor, apenas sacudida pela curiosidade de alguns naturalistas botânicos e geógrafos que a visitaram, e pelo estrelejar das brigas de bandos adversos, facções medievais, como guelfos e gibelinos de gibão encourado, perpetuando rixas familiares, generalizando, com encontros intermitentes, as questões domésticas dos senhores do rio.» Mas o isolamento serviu por outro lado para gerar uma sociedade muito particular, com suas lendas, mitos, folguedos, medos, suas crenças, vocabulário.
Século XVIII
O Alto São Francisco só foi colonizado a partir da descoberta do ouro, ao término do século XVII e no começo do século XVIII. A região era apenas percorrida no século XVII por exploradores, provavelmente vindos do Norte, sem qualquer povoamento. Descoberto o ouro em 1698, no sítio onde se ergue hoje Ouro Preto, o Alto São Francisco se desenvolveu em consequência da prosperidade mineira, que se expandia. Muitos paulistas se fixaram no alto São Francisco, fundando cidades que hoje têm seus nomes. A descoberta de ouro em Goiás, por volta de 1720, intensificou o povoamento. Já no Baixo São Francisco, o povoamento foi dificultado pela formação de aldeamentos de escravos fugitivos dos engenhos.
Desde o início do século XVIII o desbravamento do São Francisco era completado por gente de Salvador e Recife. Para a fixação, concorreu a descoberta de ouro em Jacobina, no médio vale, junto da cabeceira de seu o afluente o rio Salitre, e pelo povoamento do Piauí, Maranhão e Ceará. Desenvolveram-se as fazendas de criação de gado.
O alto São Francisco a essa altura, estava também povoado e era cruzado pelas rotas de penetração que se dirigiam a Goiás ao longo da qual muita gente se fixava, na exploração de diamantes e ouro ou em fazendas de pecuária. João Leite da Silva Ortiz, auxiliar de Anhanguera, que em 1722 descobriu ouro em Goiás, terminou por viver no local onde se ergue hoje Belo Horizonte, montando fazenda na serra das Congonhas.
Durante o século XVIII, as contínuas descobertas de minerais e pedras provocaram novas colonizações nas áreas montanhosas, causando no vale do rio poucas alterações. Montes Claros, na bacia do rio Verde Grande, teve início neste século como uma área agrícola, e hoje é uma das cidades mais importantes.
Século XIX
Por volta de 1800 a indústria da mineração começou a declinar, e muitas cidades e povoados diminuíram em tamanho e importância. A agricultura substituiu a mineração. Cidades nascidas da mineração, subsistem da agricultura.
Os primeiros estudos sobre o aproveitamento do potencial sócio-econômico foram realizados no século XIX. Em 1852, o engenheiro francês Emmanuel Liais foi contratado pelo Imperador Dom Pedro II para estudar o rio e as possibilidades de desenvolvimento de sua navegação. Em 1855, o alemão Henrique Halfeld, contratado pelo Império, desenvolveu estudos semelhantes. Os trabalhos de Halfeld e Liais são considerados os mais importantes do século XIX pela abrangência e pelo rigor técnico.
Economia
O rio São Francisco é também o maior responsável pela prosperidade de suas áreas ribeirinhas compreendidas pela dominação de Vale do São Francisco, onde cidades experimentaram maior crescimento e progresso como Petrolina em Pernambuco e Juazeiro (Bahia) devido a agricultura irrigada. Essa região apresenta-se atualmente como a maior produtora de frutas tropicais do país, recebendo atenção especial, também, a produção de vinho, em uma das poucas regiões do mundo que obtêm duas safras anuais de uvas.
FOTOS DO RIO SÃO FRANCISCO
Rio São Francisco
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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São Francisco | |
Bacia do rio São Francisco | |
Comprimento: | |
Nascente: | Serra da Canastra |
Altitude da nascente: | |
Débito médio: | 2 943 m3/s |
Foz: | Oceano Atlântico |
Área da bacia: | 641 000 km2 |
País(es): |
Com
O rio São Francisco atravessa regiões com condições naturais das mais diversas. As partes extremas superior e inferior da bacia apresentam bons índices pluviométricos, enquanto os seus cursos médio e sub-médio atravessam áreas de clima bastante seco. Assim, cerca de 75% do deflúvio do São Francisco é gerado
A área compreendida entre a fronteira Minas Gerais-Bahia e a cidade de Juazeiro(BA), representa 45% do vale e contribui com apenas 20% do deflúvio anual.
Os aluviões recentes, os arenitos e calcários, que dominam boa parte da bacia de drenagem, funcionam como verdadeiras esponjas para reterem e liberarem as águas nos meses de estiagem, a tal ponto que, em Pirapora (MG), Januária (MG) e até mesmo em Carinhanha (BA), o mínimo se dá em setembro, dois meses após o mínimo pluvial de julho.
À medida em que o São Francisco penetra na zona sertaneja semi-árida, apesar da intensa evaporação, da baixa pluviosidade e dos afluentes temporários da margem direita, tem seu volume d'água diminuído, mas mantém-se perene, graças ao mecanismo de retroalimentação proveniente do seu alto curso e dos afluentes no centro de Minas Gerais e oeste da Bahia. Nesse trecho o período das cheias ocorre de outubro a abril, com altura máxima em março, no fim da estação chuvosa. As vazantes são observadas de maio a setembro, condicionadas à estação seca.
Geografia
Canions do Rio São Francisco.
Segundo fontes governamentais (http://www.ahsfra.gov.br/rio2.htm), tem uma extensão de O rio São Francisco banha cinco estados, recebendo água de 90 afluentes pela margem direita e 78 afluentes pela margem esquerda, num total de 168 afluentes, sendo 99 deles perenes. É um rio de grande importância econômica, social e cultural para os estados que atravessa. Folcloricamente, é citado em várias canções e há muitas lendas em torno das carrancas (entidades do mal) que até hoje persistem. Os trechos navegáveis estão no seu médio e baixo cursos. O maior deles, entre Pirapora e Juazeiro - Petrolina, com
As principais mercadorias transportadas são cimento, sal, açúcar, arroz, soja, manufaturas, madeira e principalmente gipsita. No baixo e médio São Francisco, promove-se o transporte de turistas em embarcações equipadas com caldeiras a lenha. Atualmente o rio São Francisco está sendo transposto. O que está dividindo opiniões entre brasileiros que vivem nos estados banhados.
Principais afluentes
- Rio Paraopeba
- Rio Abaeté
- Rio das Velhas
- Rio Jequitaí
- Rio Paracatu
- Rio Urucuia
- Rio Verde Grande
- Rio Carinhanha
- Rio Corrente
- Rio Grande
História
Descobrimento
Como escreveu Guimarães Rosa, sua história tem sido, a história do sofrimento de um rio que há mais de quinhentos anos é fonte de vida e riqueza. Seu descobrimento é atribuído ao navegador genovês Américo Vespúcio, que navegou em sua foz em 1501. O nome é homenagem a São Francisco de Assis, festejado naquela data. A 4 de Outubro de 1501, uma expedição de reconhecimento descia a costa brasileira, rente ao litoral, comandada por André Gonçalves e Américo Vespúcio e vinda do Cabo São Roque. A região da foz era habitada pelos índios, que a chamavam Opará, que significa algo como “rio-mar”. Outra expedição, em 1503, chegou à foz, comandada por Gonçalo Coelho, outra vez com Américo Vespúcio. O rio era visitado apenas nas cercanias da foz, pois a mata, a caatinga desconhecida e as tribos ferozes impediam os brancos de penetrar na terra.[carece de fontes]Expedições, entradas, bandeiras
Em 1522, o primeiro donatário da capitania de Pernambuco, Duarte Coelho Pereira, fundou a cidade de Penedo, no atual estado de Alagoas. Foi o primeiro núcleo povoador das margens, fundada a quase Os franceses já freqüentavam a costa, e com certeza por volta de 1526 na foz do rio São Francisco, tanto que uma pequena baía, próxima à foz, recebeu o nome de Porto dos Franceses. Nas proximidades, ocorreu o famoso naufrágio de uma nau que levava D. Pero Fernandes Sardinha, primeiro bispo do Brasil. Escapando do naufrágio, em 1556, foi preso e devorado pelos índios Caetés que aí viviam. As tribos indígenas que ali viviam eram chamadas, pelos Tupis, de Tapuias pois era assim que chamavam qualquer tribo que não tivesse a mesma língua. Havia basicamente na costa do Brasil dois grupos distintos: os Tupis e os Gês.
A colonização do vale do médio rio se efetuou em duas épocas distintas, a segunda delas quase um século depois da outra. Os primeiros estabelecimentos no médio São Francisco iniciaram-se no extremo a jusante. Exploradores de Olinda, fundada em 1534, e de Salvador, em 1549, se aventuraram pelo vale do rio entre dificuldades imensas, dadas a agressividade da natureza e a presença de selvagens. Um dos primeiros núcleos de colonização foi estabelecido
Com a autorização da Coroa, em 1543 começou a criação de gado, atividade que marca a história do vale. A exploração se limitava ao litoral, principalmente por causa dos indígenas. Os Pankararu, Atikum, Kimbiwa, Truká, Kiriri, Tuxás e Pankararé, são remanescentes atuais dos povos antigos. Mas lendas sobre riquezas inacreditáveis atraíam aventureiros. A cobiça, pois se pensava encontrar ouro e pedras preciosas, acabou fazendo com que se aventurassem. Corriam, sobretudo em Porto Seguro, informações delirantes sobre tribos que se enfeitavam com ouro, pedras verdes, cristalinos diamantes. Por ordem do rei D. João III, o Governador-Geral Tomé de Sousa determinou a exploração do rio, em 1553, a Francisco Bruza de Espinosa, que formou a primeira entrada de penetração, levando um jesuíta basco, João de Azpilcueta Navarro. O roteiro dessa viagem e uma carta do padre são os primeiros documentos que descrevem o rio São Francisco. Não se acharam, porém, as sonhadas minas de ouro e prata como havia nas terras espanholas do Alto Peru.
Duarte Coelho Pereira, governador, organizou uma expedição cujos navios entraram pela foz, tendo lutado contra os franceses ali encontrados, que faziam escambo com os indígenas, e os expulsou. Nessa oportunidade, navegou poucas léguas rio acima. Em 1560, um filho de Duarte Coelho, Duarte Coelho de Albuquerque, o segundo donatário de Pernambuco, juntamente com Jorge, seu irmão, lutou cinco anos contra os caetés.
Em 1561, o rio foi visitado pela expedição de Vasco Rodrigues de Souza e, em 1575, na entrada denominada de "Mata-Negro". Marco de Azevedo viajou ao interior com um grupo, em 1577. Sabe-se, também, que em 1583 João Coelho de Souza penetrou o sertão e chegou ao rio.
Em 1587, o governador Luís de Brito determinou a exploração do rio São Francisco e entregou a responsabilidade a Sebastião Álvares, numa iniciativa fracassada. Gaspar Dias de Ataíde e Francisco Caldas viram uma sua expedição dizimada em 1588. Em 1590, Cristóvão de Barros entrou pela região que hoje é o estado de Sergipe, até o baixo São Francisco, estabelecendo um caminho que serviria aos colonizadores e como defesa contra os franceses.
Em 1595, um descendente de Caramuru, Melchior Dias Moreira, de acordo com carta escrita ao Conde de Sabugosa, teria penetrado e ultrapassado o rio São Francisco. Guiados pela cobiça, os colonizadores foram dizimando os índios, que fugiam para o planalto central. Assim, ergueram-se os primeiros e pequenos arraiais, iniciando o domínio da região, onde o ouro e as pedras preciosas.
A alcunha «rio da integração nacional» se deve às entradas e bandeiras que nos séculos XVII e XVIII usaram-no como rota para penetrar no interior. Seu outro nome, «rio dos Currais» se deve por ter servido de trilha para fazer descer o gado do Nordeste até a região das Minas Gerais, sobretudo, no início do século XVIII, quando se achava ali o ouro que fez afluir milhões de pessoas à terra e fazendo, assim, a fortuna de muita gente e, afinal, integrando a região Nordeste às regiões Leste, Centro-Oeste e Sudeste.
Em 1675, jazidas de ouro são encontradas em afluentes do São Francisco pela bandeira de Lourenço de Castanho que massacrou os cataguazes da região. Entre as dezenas de expedições dos bandeirantes que palmilharam o São Francisco contam-se Matias Cardoso, Domingos Jorge Velho, Domingos Sertão, Borba Gato e Domingos Mafrense - este último subiu alguns afluentes, chegando às nascentes do rio Parnaíba. Em sua homenagem, há uma cidade chamada Vila Mafrense, no município de Paulistana, Piauí.
Nesta época, os reinóis enfrentavam ainda a resistência de escravos fugitivos. Os quilombos formavam uma verdadeira república negra que desafiou por muito tempo o domínio da Coroa. Em 20 de dezembro de 1695, uma tropa mercenária, contratada por Portugal e os usineiros de açúcar da capitania de Pernambuco, destruiu o último foco da resistência armada dos escravos, ligadas ao famoso Quilombo dos Palmares.
O Ciclo do ouro começou realmente com a bandeira de Fernão Dias Pais, nas últimas décadas do século XVII. O rio das Velhas e o rio São Francisco formavam o caminho natural para o litoral e para o Reino. São Francisco acima subiam as mercadorias necessárias às minerações e fazendas, os barcos que regressavam traziam ouro. Logo se formaram quadrilhas de assaltantes nas estradas e, principalmente, no rio. Para combatê-las, as autoridades designaram bandeirantes como Matias Cardoso de Almeida, seu filho Januário Cardoso e Domingos do Prado Oliveira. Como muitas quadrilhas se refugiavam nas aldeias indígenas, o fato serviu de pretexto a expedições genocidas, como a que Januário Cardoso e o português Manoel Pires Maciel Parente comandaram, destruindo a da maior aldeia indígena daquela região - Itapiraçaba, dos índios Caiapós. Também no século seguinte o bando de Domingos do Prado Oliveira destroçou a grande aldeia dos Guaiabas, na ilha fronteira a São Romão, pavoroso genocídio no início do século XVIII. Este bandeirante e sua gente tinham como base o povoado de Pedras de Cima, depois denominado Pedras dos Angicos.
Haveria mais de cem famílias paulistas chamado desde 1690 no chamado «distrito dos couros», que era o vale do São Francisco, com as zonas ribeirinhas dos afluentes, que teriam origem nos expedicionários bandeirantes chamados ao Norte contra os tapuias e os quilombos, que como Borba Gato se dedicam inicialmente ao gado - entre seus descendentes muitos dos contrabandistas que no século XVIII sangram os Quintos do rei, rio abaixo, de bubuia, pelos direitos que se arrogam como detentores das datas e por crescentes exações da Real Fazenda, como o quinto e as capitações. Os Pauistas estarão sempre entre os fautores dos movimentos armados do início da capitania de Minas - a guerra dos Emboabas, a rebelião de Pitangui, os famigerados motins do sertão com as românticas figuras de D. Maria da Cruz e do Padre Antônio Mendes Santiago...
O sistema de sesmarias
A ocupação só ocorreu por meio do sistema de sesmarias. O rio São Francisco ocupava parte das terras atribuídas à Casa da Torre de Garcia d'Ávila e à Casa da Ponte, de Antonio Guedes de Brito. Garcia d'Ávila se apoderou de suas terras em 1573: eram mais de 70 léguas entre o rio São Francisco e o rio Parnaíba no Piauí. Historiadores dizem que, residindo na Praia do Forte, próximo a Salvador, e possuindo uma Carta de Sesmaria, pois era fidalgo, o Garcia D'Ávila avançou em direção ao São Francisco, construindo em distâncias certas um curral e uma choupana, onde deixava 20 novilhas e um touro, e, para cuidar do rebanho, um casal de escravos. Tornou-se assim o primeiro latifundiário do São Francisco. Apossou-se das terras de forma irregular, pois o capítulo 26 do Regimento trazido por Roque da Costa Barreto determinava que, não se desse a pessoa alguma tanta quantidade de terra que a não pudesse cultivar ele próprio, tirando-as a quem assim não o cumprisse. Não era bem o modo como Garcia D'Ávila ocupou o sertão.A Casa da Ponte, entretanto, recebeu como indenização por serviços prestados e gêneros fornecidos às guerras,
Em 1637, os holandeses invadiram o povoado de Penedo por causa de sua localização estratégica na foz do rio, onde construíram o forte Maurício, em homenagem a Maurício de Nassau. O domínio holandês permaneceu forte até 1645, quando os portugueses retomaram a região. Outro fator importante da ocupação foram as missões religiosas, iniciadas por frades capuchinhos bretões a partir de 1641. No período da ocupação holandesa, o próprio Maurício de Nassau esteve no São Francisco, tendo dominado a área alagoana, até Penedo.
No sertão do São Francisco a pessoa mais importante foi Manoel Nunes Viana, que se tornou dono da maior fortuna do São Francisco pois obteve procuração da filha do senhor da Casa da Ponte, Isabel Guedes de Brito, para administrar as terras de herança e cobrar o fôro sobre a sesmaria. E de pobretão Manoel Nunes se transformou em potentado em gado e terras, durante o ciclo do couro, no vale do São Francisco, ajudando ainda ao contrabando do ouro para o porto de Salvador e desafiando o conde de Assumar em Vila Rica...
Missões religiosas
Ajudaram a ocupação as missões, registradas na região a partir de 1641. Franciscanos capuchinhos bretões instalaram os primeiros aldeamentos. Em um relato do frade Martim de Nantes se percebe o comportamento atrabiliário da família de Garcia d'Ávila, em constantes desentendimentos com os franciscanos. Os frades reclamavam da constante interrupção das missões que geralmente instalavam nas ilhas, áreas mais férteis; ora, os vaqueiros da Casa da Torre, no período da seca, que ali dura seis meses por ano, empurravam os rebanhos para comer a lavoura dos índios, obrigando-os a buscar alimento na caça, dispersando-se na caatinga e interrompendo o trabalho de catequese.Atritos entre missionários e os herdeiros de Garcia d'Ávila permeiam a correspondência entre os sacerdotes e seus superiores. Culminaram na reprovação da ação dos barbadinhos bretões, por parte das viúvas da Casa da Torre. E afinal, na proibição oficial de qualquer comunicação da região com a do sul. Descoberto o ouro nas terras que ficariam conhecidas como Minas, temia a corte o descaminho pelo porto de Salvador, fazendo assim escapar do controle do governo a parte de 20% (o quinto) que cobrava o rei de Portugal. Assim, a carta régia de 1701 proíbe "quaisquer comunicações daquela parte dos sertões baianos com as minas dos paulistas nos sertões mineiros", ameaçando de severas penas os infratores. O que na verdade não impediu o contrabando, mas o tornou mais difícil… O isolamento seria prejudicial pois a região estagnou por falta de contato com comunidades mais cultas. Diz Lacerda: "Atravessa a região o século XIX em melancólico torpor, apenas sacudida pela curiosidade de alguns naturalistas botânicos e geógrafos que a visitaram, e pelo estrelejar das brigas de bandos adversos, facções medievais, como guelfos e gibelinos de gibão encourado, perpetuando rixas familiares, generalizando, com encontros intermitentes, as questões domésticas dos senhores do rio.» Mas o isolamento serviu por outro lado para gerar uma sociedade muito particular, com suas lendas, mitos, folguedos, medos, suas crenças, vocabulário.
Século XVIII
O Alto São Francisco só foi colonizado a partir da descoberta do ouro, ao término do século XVII e no começo do século XVIII. A região era apenas percorrida no século XVII por exploradores, provavelmente vindos do Norte, sem qualquer povoamento. Descoberto o ouro em 1698, no sítio onde se ergue hoje Ouro Preto, o Alto São Francisco se desenvolveu em consequência da prosperidade mineira, que se expandia. Muitos paulistas se fixaram no alto São Francisco, fundando cidades que hoje têm seus nomes. A descoberta de ouro em Goiás, por volta de 1720, intensificou o povoamento. Já no Baixo São Francisco, o povoamento foi dificultado pela formação de aldeamentos de escravos fugitivos dos engenhos.Desde o início do século XVIII o desbravamento do São Francisco era completado por gente de Salvador e Recife. Para a fixação, concorreu a descoberta de ouro em Jacobina, no médio vale, junto da cabeceira de seu o afluente o rio Salitre, e pelo povoamento do Piauí, Maranhão e Ceará. Desenvolveram-se as fazendas de criação de gado.
O alto São Francisco a essa altura, estava também povoado e era cruzado pelas rotas de penetração que se dirigiam a Goiás ao longo da qual muita gente se fixava, na exploração de diamantes e ouro ou em fazendas de pecuária. João Leite da Silva Ortiz, auxiliar de Anhanguera, que em 1722 descobriu ouro em Goiás, terminou por viver no local onde se ergue hoje Belo Horizonte, montando fazenda na serra das Congonhas.
Durante o século XVIII, as contínuas descobertas de minerais e pedras provocaram novas colonizações nas áreas montanhosas, causando no vale do rio poucas alterações. Montes Claros, na bacia do rio Verde Grande, teve início neste século como uma área agrícola, e hoje é uma das cidades mais importantes.
Século XIX
Por volta de 1800 a indústria da mineração começou a declinar, e muitas cidades e povoados diminuíram em tamanho e importância. A agricultura substituiu a mineração. Cidades nascidas da mineração, subsistem da agricultura.Os primeiros estudos sobre o aproveitamento do potencial sócio-econômico foram realizados no século XIX. Em 1852, o engenheiro francês Emmanuel Liais foi contratado pelo Imperador Dom Pedro II para estudar o rio e as possibilidades de desenvolvimento de sua navegação. Em 1855, o alemão Henrique Halfeld, contratado pelo Império, desenvolveu estudos semelhantes. Os trabalhos de Halfeld e Liais são considerados os mais importantes do século XIX pela abrangência e pelo rigor técnico.
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